Afinal, você sabe o que é ansiedade?

Ansiedade: quando a alma pede pausa, mas o corpo corre.

Todo mundo, em algum momento, já sentiu aquele frio no estômago antes de uma decisão importante, o coração acelerado diante do inesperado ou a mente parecendo uma TV com mil canais ligados ao mesmo tempo. Isso é ansiedade. E, apesar de ser uma palavra muito falada hoje em dia, ela nem sempre é bem compreendida.

Pela psicanálise, a ansiedade não é apenas um “problema químico” do cérebro — é também um sinal do nosso inconsciente. É como se algo dentro da gente estivesse tentando falar, mas ao invés de usar palavras, se manifesta por sintomas no corpo: taquicardia, suor frio, sensação de aperto no peito, falta de ar, enjoo, insônia, tremores ou a famosa sensação de “nó na garganta”.

A ansiedade é uma aflição da alma que não encontra saída simbólica, por isso transborda no corpo.

Quando não é ansiedade, mas parece

Muita gente acredita que tudo é ansiedade. Mas às vezes, o que parece ser uma crise ansiosa pode ser outra coisa. Por exemplo:
• Falta de motivação constante pode ser depressão.
• Dificuldade de concentração frequente pode estar ligada a TDAH.
• Sensação de coração disparado pode ser um problema cardíaco real.
• Vontade de fugir de tudo pode vir de traumas mal elaborados, e não de ansiedade apenas.

Por isso, o diagnóstico apressado — muitas vezes feito com base em vídeos na internet — pode confundir mais do que ajudar. O olhar clínico, principalmente em uma escuta psicanalítica, pode revelar que a ansiedade é só a pontinha do iceberg.

Como a ansiedade se forma?

Na infância, aprendemos (ou não) a lidar com frustrações, inseguranças e medos. Quando esses sentimentos não encontram lugar para serem acolhidos, eles se acumulam. A ansiedade, muitas vezes, nasce desses conteúdos inconscientes não processados. Ela é um tipo de defesa: o corpo entra em alerta porque a mente não conseguiu simbolizar o que está doendo.

Ela pode vir de experiências traumáticas, da pressão por desempenho, do medo de rejeição, do excesso de responsabilidades ou da dificuldade de aceitar que a vida não é totalmente controlável.

O que fazer quando ela aparece?

É claro que terapia é o caminho mais profundo. Mas há também alguns cuidados simples e eficazes que podemos ter em casa, especialmente durante uma crise:
1. Respiração consciente
Inspire lentamente pelo nariz contando até 4, segure por 4, expire pela boca por 6 segundos. Isso ajuda a regular o sistema nervoso.
2. Banho morno nos braços e rosto
A água ajuda a “baixar” a crise e devolve o corpo a um estado mais calmo.
3. Palavras que acolhem
Fale consigo mesma(o): “Essa sensação vai passar”, “Estou segura(o) agora”, “Posso respirar e esperar passar”. O inconsciente escuta.
4. Compressa fria na nuca ou no rosto
Ajudam a reativar o sistema parassimpático, que é o responsável por acalmar o corpo.
5. Contato com texturas e aromas agradáveis
Cheirar um óleo essencial, tocar em algo macio ou colocar os pés no chão ajudam a “aterrar” quando estamos muito no mental.
6. Escrever ou desenhar o que sente
Dar forma simbólica ao caos interno alivia. O papel pode ser uma ponte para o que está reprimido.
7. Evitar cafeína e açúcar em excesso
Parece bobagem, mas essas substâncias podem potencializar os sintomas físicos da ansiedade.

A escuta transforma

A ansiedade não é frescura, nem sinal de fraqueza. É um grito interno por reorganização, por cuidado, por escuta. Por isso, ela melhora muito quando você é acolhida(o) de verdade — seja por você mesma(o), por um profissional, por alguém com quem se pode contar.

Na clínica psicanalítica, não tratamos a ansiedade como uma “doença a ser apagada”, mas como uma mensagem que precisa ser decodificada. E o mais bonito é perceber que, quando a gente começa a escutar de verdade o que sente, o corpo começa a gritar menos.

Se você sente que vive em estado de alerta constante, que a mente não para ou que o corpo pede socorro, talvez seja hora de parar um pouco e se perguntar: o que dentro de mim precisa ser ouvido?

✨ Se quiser começar esse caminho de escuta e cuidado, eu estou por aqui. Agende um horário e vamos conversar com calma, sem pressa, com verdade. Às vezes, tudo que a ansiedade quer… é ser escutada.

Compartilhar:

Outros Textos